É no Quarto de Hécate que Prosérpina toma seu chá.
É lá que ela conta seus segredos, chora seus enganos, ri da vida e aprende. E ensina.
Porque o mestre sempre é discípulo do conhecimento que partilha, e o aluno, professor das lições que ajuda a rever.
Dedicado a Crescente de Prata

segunda-feira, 31 de março de 2014

O Advento da Pouca Roupa

Nossa, e é assim mesmo que começo esse post. Mas calma, no final todo mundo vai entender...
Eu acredito mesmo que o seguro morreu de velho, mas essa ideia de que garotas em roupas sumárias são as principais vítimas de estupro está totalmente equivocada e é terrível. 
Na verdade, periguete sofre sim agressões verbais por parte de homens vulgares e é hostilizada pelas outras mulheres o tempo todo, mas não é a principal vítima de estupros. 
O estuprador é um covarde, a descrição da maioria deles mostra uma pessoa discreta, quase apagada. E como nesse caso sexo representa uma relação de poder, o que eles querem de um modo geral é satisfazer sua ânsia por estar no comando. Sim, é uma guerra psicológica. A principal vítima é o mais fraco, e por mais óbvio que pareça, pouca gente percebe. A mulher tímida com aparência vulnerável, discreta, que não revidaria, que não vai reclamar, que não vai fazer escândalo, que tem vergonha, essa é a principal vítima. O caso dos tarados do metrô está aí pra provar, quantas daquelas mulheres estava usando trajes sensuais? Gente, nenhuma delas era periguete! 
O pior, é que são justamente elas que muitas vezes condenam o jeito espalhafatoso da periguete, não é cruel? Acham que a periguete está pedindo por sexo, que ela sim merece ser estuprada, e não estou intelectualizando não, eu já ouvi isso de vítimaS de estupro. O que eu digo é que ser uma periguete poderia tê-las salvo da violência, porque tudo o que o estuprador comum não quer é chamar a atenção, é ser pego. 
Socialmente, acredita-se que mulheres que usam trajes sumários são vulgares, que elas não hesitam em gritar e fazer escândalo caso alguém tente importuná-las. E por serem consideradas também fêmeas alfa (pois é, pelas próprias mulheres, olha o tapa na cara do recalque!), presume-se que sempre vai aparecer um 'macho' pronto para ajudá-las (e quebrar a cara do tarado pra conquistar seus favores). 
Covardes não querem essas mulheres. 
E pensando bem, talvez seja melhor para todas ter uma ou duas atitudes emprestadas delas.

Personagens de anime, as rainhas das periguetes, rss

quarta-feira, 26 de março de 2014

Cão que Ladra

Ando reparando no mundo, e o que tenho visto não me agrada em nada. As pessoas estão reclamando. Reclama-se do absurdo que pagamos pelo combustível, reclama-se da maneira como os governantes conduzem o país (como se eles fossem seres de uma galáxia distante que só aparecem por aqui durante as eleições, te manipulam com poderes psíquicos para conseguir seu voto e depois voltam para a lonjura de onde vieram deixando para trás os cofres públicos vazios e a falsa esperança de que tudo vai melhorar), reclama-se até do tempo.
As pessoas veem algo errado, ficam indignadas, e xingam muito no Twitter.  Xingam também no Facebook, postam fotos xingando no Instagram, e em outras redes sociais. Tudo muito moderno, tudo muito globalizado. Tudo muito ineficaz. Você olha em volta e percebe que nem tudo vai bem. E xinga a vida por isso. E de repente, nada vai bem, e você continua xingando. De tanto xingar e reclamar, vai se formando uma onda de mal estar, tudo parece cada vez mais péssimo, tudo parece sem volta, sem solução, sem rumo, sem vida.
E assim, viramos um bando de reclamões sem atitude, amontoados de discursos sem aplicação prática. Destemidos guerreiros virtuais que fogem com o rabo entre as pernas sob ameaças do mundo real.
A revolta é maior quando percebemos que nossos 'malfeitores' riem de nós numa mesa de jantar em um fino restaurante na Europa. Em um navio atracado em um porto de Cuba. Com nosso dinheiro. Riem de nós os pequenos malfeitores, os encoxadores do metrô, o cara que furou a fila, o sociólogo das teorias ridículas, o picareta que usa nosso prestígio em benefício próprio. 
Eles riem porque sabem que, como diz o ditado, 'cão que ladra não morde'. Cão que ladra xinga muito na internet, mas vota no menos pior. Cão que ladra não para o país porque o TSE não dá a mínima pro ficha limpa. Cão que ladra não sabe o nome dos vizinhos pra se organizar e mandar consertar o buraco na rua. Cão que ladra pensa no automático, vai na onda, no embalo, cai na lábia de quem falou mais alto e nem sempre está mais certo (quase nunca está). 
É hora de parar de ladrar e começa a resolver. Tocar a campainha do vizinho e resolver o problema do buraco. Analisar o discurso alheio antes de seguir uma bobagem como se não houvesse amanhã. Se organizar e exigir o cumprimento das leis. Gritar, denunciar e impedir todo o tipo de sacanagem (eu rio com gosto da cara de 'estou sendo lesado' que alguns furadores de fila fazem ao ser repreendidos). E antes de mais nada, seguir as leis.
Seja um guerreiro virtual que discursa, grita e mobiliza. Mas não se esqueça de que as mãos que berram por um mundo melhor tem força e garras para construí-lo. 
Seja como for, aja. E haja o que houver, aja!

terça-feira, 18 de março de 2014

Conversas no Espelho

Olá!
Pessoal, vamos conversar? Já está na hora de dar início às atividades do Espelho. Escolhi para o primeiro encontro falar dela que é inspiração e guia nesse caminho.

O Mito de Prosérpina e a Jornada Rumo a Nós Mesmos

“Prosérpina era sim uma menina. Praticamente uma criança. E ela vivia muito feliz com a vida que sua mãe escolheu para ela e fazendo as mesmas coisas que suas amigas faziam. Mas um dia ela teve uma chance, e sentiu muito medo. O destino a levou para muito longe de casa, para onde ela nunca tinha ido. Tudo o que ela conhecia já não estava mais lá. E tudo o que ela encontrou pelo caminho foi ela mesma.” Prosérpina Loreley 


 Vivemos em um mundo cheio de ruídos. Pessoas falam de suas histórias, de seus sucessos. A cada etapa de nossas vidas nos deparamos com novas cobranças e exigências que o mundo nos faz. E então, somos levados pelas correntes da sobrevivência, nos adaptamos.
Mas em meio a isso tudo, quem somos? Qual é o nosso real papel? Do que realmente somos capazes?
No Espelho, a Deusa nos ensina que enxergar a si mesmo e amar o que se vê é um ato mágico e cheio de poder. No Coração da Deusa, somos todos Sagrados.

Esse encontro faz parte da iniciativa O Espelho de Prosérpina, que promove um resgate da sacralidade através da Imagem para uma vida mais plena. 
Ensinando a olhar dentro do espelho, é que falamos de coisas esquecidas, de coisas sagradas e essenciais. Abordaremos:

- Sobre O Espelho: por uma busca espiritual harmônica
 
- O Espelho e sua Relação com a Beleza
- Quem é Prosérpina: o Mito da Descida x O Triunfo da Subida
- Nosce te Ipsun: como alcançar o autoconhecimento
- O que a Deusa Traz para Minha Vida

Quinta feira, 27/03 das 20 às 22h
Para maiores informações 11 29724772 / 11 997040375(oi)







quinta-feira, 13 de março de 2014

O Espelho de Prosérpina

Olá!

É com imenso prazer que apresento uma nova abordagem sobre espiritualidade. 
Ela fala daquela porção que é sagrada em todos nós, e pode ser vista todos os dias através do espelho.  E tal qual o reflexo no espelho, é também um reflexo da nossa alma. Venho falar do Sagrado Material.


O Espelho de Prosérpina – Um Caminho para o Despertar e a Evolução




Nos dias de hoje, cada vez mais nos deparamos com pessoas insatisfeitas consigo mesmas, e a principal dessas insatisfações é com a aparência. Invejamos a beleza e confiança que outras pessoas têm em si mesmas e achamos que não somos merecedores da admiração dos outros.
Muitas vezes nos maldizemos rejeitando a aparência de nossos corpos, e nos escondemos em nossas roupas com medo do julgamento alheio. Fugimos de nós mesmos numa busca frenética por realização espiritual, e nos esquecemos de que encarnados, estamos ancorados a esse mundo através da matéria que nos serve de morada, nossos corpos carnais.

Mas, se ao menos pudéssemos nos olhar no espelho com mais cuidado, veríamos que ali, escondida debaixo de tanta autocrítica, existe uma pequena e poderosa porção do sagrado.



É através da reconciliação entre nossa vida espiritual e nossa porção material que podemos alcançar a Plenitude. E como buscar essa reconciliação? Através do autoconhecimento!


É o resgate de um poder que embora primordial, há muito foi rejeitado e subestimado em favor de causas consideradas mais elevadas. Entendendo e cuidando da matéria que serve de morada viva a nossas almas é que somos capazes de nos conhecer melhor e nos aproximar do sagrado.

Quando aprendemos a olhar para nós mesmos é que o poder aflora. Libertamo-nos das correntes do mundo, e somos capazes de encontrar o melhor de nós. Nos reinventamos, mas não inventamos nada, apenas criamos uma nova conexão com o eu superior.
 O Espelho de Prosérpina é uma iniciativa que une a egrégora dessa Deusa iniciática à minha experiência com Consultoria de Imagem para ensinar as pessoas a se olharem de uma maneira totalmente nova.

Manifesto do Sagrado Material

Olá! 

Venho aqui para deixar registrado um manifesto, fazendo um convite à reflexão.
O que são afinal de contas as aparências? Qual a sua finalidade?
 
Há aqueles que criticam a máscara.
Quanta vilania!
E não seria ela quem mais fala por nós sem usar palavras?
Testemunha implacável, esse signo que nos revela quando nossa vontade é esconder, dissimular.
Dissimulação maior é o corpo nu, esse despojamento que nos torna um como muitos, como todos.
Prefiro a sinceridade da máscara, essa falsa pele. 
Que revela de nós até mesmo aquilo que de nós não sabemos.

Vista seu corpo. Observe sua própria figura.
Que mal maior podemos fazer a nossa alma do que negligenciar quem somos?
Nossa imagem, reflexo da nossa alma.
A matéria que nos ancora ao mundo de aprendizado em que vivemos.
Entenda seu corpo, ele é a única morada que de fato existe.
Ame seu corpo, ele é divino.
É divindade transformada em matéria.
E aprendendo a amar matéria e espírito, conquistamos a plenitude.

Vamos abrir o armário da alma e tirar de lá de dentro todas as vestes. 
Nossa beleza surrada, tantas vezes agredida pelos estereótipos e relegada ao segundo plano. 
Nosso amor próprio arranhado, puído, carcomido pelas traças da inveja e desdém alheio. 
Pegue com muito carinho suas vestes do auto julgamento, a trama de seu tecido pode ter sido arruinada pela falta de fé em si mesmo. 
Não se condene pelo estado em que se encontram seus tesouros, muitas vezes nos esquecemos daquilo que é mais sagrado dentro da imensidão de nossos armários. 
Espante a poeira, remende os buracos, e deixe o Sol entrar...




Primeiras Impressões Sobre o Espelho

Olá!

Sempre fui fascinada pelo novo. Pelo diferente. Pelo disparatadamente oposto a mim. Me sinto muito confortável visitando o que pra mim não é espelho. 
E deixo aqui no início da conversa uma pergunta: o que é espelho pra você?
Eu acredito em espelhos. Sempre ouvia falar sobre os olhos, o espelho da alma, e um belo dia entendi o quanto essa frase faz sentido. Você pode falar sobre a personalidade de uma pessoa apenas com a descrição dos olhos dela. O triste, é que muitas vezes a própria pessoa não conhece a descrição de seus olhos. Gente que não se vê. E literalmente não se enxerga, não sabe do que é capaz. Muitos potenciais perdidos, triste.
Antes da faculdade eu vivia num mundo onde tudo era muito igual. Estudar numa escola só para garotas também não ajudou muito, todas de uniforme, todas iguais. Quando fui prestar vestibular, fui literalmente para outro mundo.  E fui aprovada em outro universo. E era uma faculdade de moda, onde meus jeans de todo dia sumiam em meio ao colorido alternativo da moda de quase vinte anos atrás. Foi um choque, uma deliciosa overdose de estímulos onde tudo era novo, tudo era diferente. Logo me apaixonei por esses contrastes, e observando o meu novo mundo eu ia dialogando e reafirmando a pessoa que eu sou. Se eu gosto de arte e você de matemática, meu mundo é poesia e cores, logo o seu, teorias e fórmulas. Mas eu também posso querer racionalizar um pouco, então, permita-se sonhar. Aprendendo, ensinando, e quanto mais contrastes, maior o meu mundo. Viva as diferenças!
E assim, minha imagem foi se desenhando no espelho. Minhas preferências e opiniões, os caminhos que trilhei, e os lugares que conheci (ah, caminhos e lugares, quanta diferença!). 
Observei que todo guarda roupas é uma caixa preta, um registro mais do que preciso da nossa história. A calça que nunca conseguimos usar, o sapato preferido,o lado da camiseta que forma mais bolinhas, a meia do par que fura primeiro, tudo está ali, tudo conta uma história, tudo fala da gente. É só olhar, terapia visual. 
E com o tempo não se vê apenas um monte de tecido cortado e costurado à moda vigente. O que se vê é uma declaração da nossa personalidade. Porque o sapato preferido é também aquele que te leva sempre para as melhores escolhas, o sapato certo é o mapa do que te dá mais segurança.
Olhar-se no espelho é buscar a conexão entre quem somos e como nos mostramos. É a ponte entre a matéria e o espírito, entre o nosso íntimo e a imagem pública. É nele onde as diferenças encontram sua concordância
Coisas que se aprende com o espelho.


sexta-feira, 7 de março de 2014

O Atelier de Prosérpina e o Tempo

Oi!
Esse blog foi criado há muito tempo (2009!), mas essa é a primeira postagem dele. Tempo, aliás, é algo que tem faltado. A vida dá voltas loucas, é tanto o que fazer, tanto o que viver, e quando nos damos conta, o tempo passou, e nem vimos.
Tempo é algo muito mais psicológico do que imaginamos. Relógios, calendários, nada disso é capaz de medir o tempo dos nossos pensamentos, dos nossos sonhos, da espera e da procrastinação. Tempo é algo relativo, indefinido, pessoal. A espera de uma vida inteira dura segundos em nossa mente após um encontro feliz. As horas de estudo parecem infinitamente perdidas e longas depois de uma prova mal sucedida. 
Mas o que dizer das marcas que o tempo deixa em uma vida? Crianças crescem, rugas aparecem, livros amarelados (ah, ainda não sei se prefiro o cheiro de um livro novo ou o leve odor amadeirado de um livro antigo), pensamentos mudados. E qual é mesmo a medida de tempo de quando os cabelos embranquecem? Sempre achei que os primeiros fios são um marco, daqueles que assinalam um acontecimento importante, o final de uma fase, o início de outra.
Talvez, essas marcas sejam um indicador mais eficiente de que ele de fato existe. Eu sei o tempo das minhas, e conheço cada história. Coisas de quem aprendeu a se olhar no espelho, a entender sua porção material. É, acho que contarei o meu tempo pelas rugas, duas, três, e daí para o que dizem os documentos? Meu tempo é outro!

E só para mostrar que algumas ideias podem até ser antigas, mas nunca envelhecem, deixo aqui um poema maior de idade (nossa, foi há tanto tempo assim? Jura?). Só pra lembrar pra mim mesma que o tempo me mudou, mas que eu ainda sou a mesma pessoa. Enjoy!

 ATELIER DE PROSÉRPINA
                       (para Luciana Dizioli)

Como se mede a distância do desejo para o afeto?
Como se costura o desenho de um corpo na pele?
Acaso a vida persponta tecidos de mágoas a quem distraído veste a roupa da paixão?
No atelier de Prosérpina tirei medidas de incomensuráveis dúvidas
Foi lá que, com fita métrica da dor, fiz estas vestes fulvinegras com que cobri meu sexo e readquiri a visão.
Do Éden ante ao pecado original.
E foi lá perdido num vale de sombras
Que depositei uma a uma as filhas de Prosérpina no cemitério
Mas principalmente lá,
Onde de todas as maneiras fustigado,
Inerme compreendi o sentido inelutável do verbo amar.

Beto Capeta