É no Quarto de Hécate que Prosérpina toma seu chá.
É lá que ela conta seus segredos, chora seus enganos, ri da vida e aprende. E ensina.
Porque o mestre sempre é discípulo do conhecimento que partilha, e o aluno, professor das lições que ajuda a rever.
Dedicado a Crescente de Prata

quinta-feira, 13 de março de 2014

Primeiras Impressões Sobre o Espelho

Olá!

Sempre fui fascinada pelo novo. Pelo diferente. Pelo disparatadamente oposto a mim. Me sinto muito confortável visitando o que pra mim não é espelho. 
E deixo aqui no início da conversa uma pergunta: o que é espelho pra você?
Eu acredito em espelhos. Sempre ouvia falar sobre os olhos, o espelho da alma, e um belo dia entendi o quanto essa frase faz sentido. Você pode falar sobre a personalidade de uma pessoa apenas com a descrição dos olhos dela. O triste, é que muitas vezes a própria pessoa não conhece a descrição de seus olhos. Gente que não se vê. E literalmente não se enxerga, não sabe do que é capaz. Muitos potenciais perdidos, triste.
Antes da faculdade eu vivia num mundo onde tudo era muito igual. Estudar numa escola só para garotas também não ajudou muito, todas de uniforme, todas iguais. Quando fui prestar vestibular, fui literalmente para outro mundo.  E fui aprovada em outro universo. E era uma faculdade de moda, onde meus jeans de todo dia sumiam em meio ao colorido alternativo da moda de quase vinte anos atrás. Foi um choque, uma deliciosa overdose de estímulos onde tudo era novo, tudo era diferente. Logo me apaixonei por esses contrastes, e observando o meu novo mundo eu ia dialogando e reafirmando a pessoa que eu sou. Se eu gosto de arte e você de matemática, meu mundo é poesia e cores, logo o seu, teorias e fórmulas. Mas eu também posso querer racionalizar um pouco, então, permita-se sonhar. Aprendendo, ensinando, e quanto mais contrastes, maior o meu mundo. Viva as diferenças!
E assim, minha imagem foi se desenhando no espelho. Minhas preferências e opiniões, os caminhos que trilhei, e os lugares que conheci (ah, caminhos e lugares, quanta diferença!). 
Observei que todo guarda roupas é uma caixa preta, um registro mais do que preciso da nossa história. A calça que nunca conseguimos usar, o sapato preferido,o lado da camiseta que forma mais bolinhas, a meia do par que fura primeiro, tudo está ali, tudo conta uma história, tudo fala da gente. É só olhar, terapia visual. 
E com o tempo não se vê apenas um monte de tecido cortado e costurado à moda vigente. O que se vê é uma declaração da nossa personalidade. Porque o sapato preferido é também aquele que te leva sempre para as melhores escolhas, o sapato certo é o mapa do que te dá mais segurança.
Olhar-se no espelho é buscar a conexão entre quem somos e como nos mostramos. É a ponte entre a matéria e o espírito, entre o nosso íntimo e a imagem pública. É nele onde as diferenças encontram sua concordância
Coisas que se aprende com o espelho.


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